sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CONSELHO A MIM MESMA

CONSELHO A MIM MESMA

                                                VALNICE PEREIRA

Não morra,
Caminhe aleatoriamente
Procurando um porta níquel, tão somente.
Enquanto caminha, exerça cidadania.
Cate garrafa pet na rua, rolando com a ventania.
Coloque-as no lixo. Você vai se sentir menos lixo.

Não morra,
Veja vitrines, pelo simples prazer de ver.
Sinta na alma o prazer de achar as coisas belas.
Sente-se na praça e aprecie o verde,
Cada tom de verde enfeitado de flores amarelas.

Ora! Não morra!
Não fique aí deitada observando as lagartixas no teto.
Levante-se e vá observar o vai e vem da formiga ligeira.
Dê-lhe comida e um sentido à sua vida.
Não jogue seus últimos dias na lixeira.

Não morra,
Antes beije seu filho e diga-lhe que o ama,
Como há muito tempo não faz.
Prive-se do direito de se isolar
E faça com que seu filho se sinta capaz.

Não morra,
Antes, invente um projeto e o desenvolva.
Projete não morrer antes de seu último projeto terminar
E antes de seu último projeto concretizar
Já tenha outro em mente para começar.

Não morra,
Sem antes terminar de contar as estrelas,
Os grãos de areia da Praia de Ipanema,
As incontáveis possibilidades das notas musicais,
Os pássaros que no mundo seu canto encena.

Antes, entre em uma floricultura
Admire-se com a beleza das flores sem pretensão de comprar.
Calce os pés descalço de um mendigo.
Agasalhe um menino que não tem onde morar.

Acalente o choro inocente de uma criança.
Crie expectativas, crie esperança...